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Bem-vindo ao Jornal Tessituras entre redes e malhas

EDITORIAL

O Jornal Tessituras entre Redes e Malhas é um produto educacional elaborado no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional – PROFEPT, polo IFBA, tendo como objetivo apresentar as formas como os/as sujeitos/as do Curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio tecem o currículo em seu cotidiano, viabilizando assim uma roda de conversa entre os/as sujeitos/as buscando criar oportunidades de diálogos  que viabilizem tessituras em rede/malha de um currículo cada vez mais integrado.

Para tanto realizamos entrevistas abertas com professores/as, pedagogos/as e técnicos/as em assuntos educacionais com atuação no curso em questão. Serão as sínteses das entrevistas realizadas que irão compor as seções do nosso Jornal.

Na seção  Proposições apresentaremos ensaios de sujeito/as do currículo com propostas e/ou apresentando experiências de integração vivenciadas em seu fazer pedagógico. No espaço  Em debate confrontaremos opiniões sobre uma mesma questão em um painel que explora a diversidade de sentidos atribuídos ao currículo integrado em análise. Em O tear realizaremos uma

análise do processo de pesquisa-formação que viabilizou a construção em rede desse jornal apresentando as potencialidades e os desafios desse produto educacional para comunicar, ampliar e formar novos conhecimentos  através do diálogo com as realidades, subjetividades e as diversas áreas e/ou perspectivas dos saberes.

Agradecemos a todos/as aqueles/as que aceitaram o desafio de construir conosco este jornal, compartilhando as suas experiências e tornando possível as tessitura desse produto educacional.

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O Cotidiano do Currículo Integrado no IF Baiano

Relato de experiência de um professor de Geografia

Em relação ao relato por ora apresentado, há que se demarcar algumas posições bastantes claras, as quais organizarei nos tópicos a seguir:

1º Sobre o currículo integrado;

2º Do saber disciplinar a suas interfaces;

3º A construção que se faz no processo

4 º Relatos de experiências.

Sobre o currículo integrado

O currículo integrado apresentou-se com um desafio a minha prática ao entrar no IF, mesmo já tendo passado por uma gama de níveis e modalidades de ensino, a saber: Ensino fundamental, Educação básica, Formação de professores e bacharéis na modalidade EAD e presencial em universidades; das experiências enquanto aluno de graduação e mesmo na minha formação básica. Neste sentido o máximo que cheguei a parte dessa proposta foi sobre as propostas interdisciplinares e multidisciplinares, em especial na minha formação como estudante e das experiências com os circuitos do EAD, modalidade integrada das atividades ao longo do semestre que considerava os conteúdos disciplinares de forma dialógica.

Na busca por um norte, o contato inicial com o integrado se deu pela análise da legislação dos IFs, tendo como busca incessante o eterno retorno a seguinte questão: Como o ensino integrado deve ser realizado?

A legislação aponta para algumas possibilidades: da indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão; do aprender fazendo; da criação de questões a serem respondidas no processo; do aprender com os erros e acertos; do diálogo com a sociedade, com os arranjos produtivos, com as mais diferenciadas escalas; dentre outras...

Outra questão relevante é que o ensino técnico, não se basta em si. Para além da questão disciplinas que muitas vezes caímos, em especial, sobre as disciplinas técnicas X disciplinas propedêuticas, a que se pensar na formação do cidadão. Ensinar de forma integrada é romper com essa amarras, que não ultrapassa a aparência na abordagem em gavetas do mundo real.


Do saber disciplinar a suas interfaces

uma das questões claras sobre os projetos do integrado é a de que, mesmo nos momentos em que venha ocorrer o envolvimento de diferentes disciplinas em torno dos projetos, ainda assim a disciplina e os seus saberes estarão presentes, desde a concepção do projeto, nas pesquisas e na execução.

A lógica aqui apresentada não deve ser cartesiana e sim dialógica; nesse processo, mais do que dar conta da questão conteudista, os envolvidos têm que observar que os fenômenos não são dados per si, e sim que envolvem múltiplos olhares sobre os mesmos. Desta forma observo que em parte dos projetos podemos focar ao mesmo tempo na ação disciplinar e multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar, envolvendo os fenômenos no bojo dos debates sobre as metadisciplinas.


A construção que se faz no processo

Todas as ações perpassam por um pré-projeto passíveis de modificação através do diálogo entre os agentes envolvidos. O ensino integrado e suas ações, envolve a co-participação; dito de outra forma o dialogismo que o envolvimento nessa forma de ensino; trazendo em seu bojo inúmeras possibilidades no momento da atividade e mesmo retomando tais ações em outros anos. É muito comum, as turmas posteriores e mesmo as anteriores participarem da atividade e a avaliarem nesse processo de mudança constante.


Relatos de experiências: destas considerações vale a pena situar as experiências e suas possíveis projeções

Estudo da caso 1 - Fórum de Energia e Sustentabilidade do IFBaiano - FESIF (Ensino e Extensão).

O primeiro Fórum ocorreu em 2012 e reunia como executores do projeto as turmas do 2º ano integrado do técnico em agropecuária e agroecologia. Inicialmente unimos as disciplinas de Geografia, Química e Física, e em 2014 (ano que ainda não assumido o cargo de CGE) integramos com Biologia, Geoprocessamento, Matemática, Irrigação e Química.

A atividade tem por objetivo fomentar uma ampla reflexão sobre as temáticas ligadas à energia e à sustentabilidade, buscando alternativas sustentáveis para nossa região (o Baixo Sul Baiano. Para tanto, ao longo da unidade orientávamos as turmas sobre a questão energética, e no processo as dividíamos com suas matrizes.

A culminância do projeto foi realizada no teatro da cidade de Valença, com exposição dos experimentos e protótipos sobre a geração de energia para os discentes do IFBaiano e para a comunidade do Baixo Sul. É importante ressaltar que os estudantes teriam que formular um projeto crível para a região, analisando desde a fonte entregue por sorteio no início do ano, contando a forma de geração de energia, a área escolhida, o porque da escolha, os impactos ambientais e formas de mitigação, além do acompanhamento posterior, com as propostas de avaliação permanente.

Figura 1: Grupo energia solar – Propostas de eletrificação em comunidades tradicionais

O projeto era apresentado de forma oral e experimentação, além das maquetes que realizavam e sua exposição. A avaliação se dava no processo até a culminância; importando a busca pela orientação, o pré-projeto e pré-experimentos, a auto avaliação individual e em grupo, e avaliação disciplinas e interdisciplinar das quais retirávamos uma média por turmas e graus de envolvimento.

Em 2014, iniciou-se junto ao Fórum a Feira das Baterias, atividade integrada das disciplinas Química, Física e Geografia, tendo como público alvo os discentes da terceira série dos cursos integrados de agroecologia e agropecuária do IF Baiano - campus Valença.

Estudo de caso 2 – Oficina “Desse luto nasce a luta: poder e resistência durante a ditadura militar no Brasil” (ensino-pesquisa-extensão)

A proposta ora apresentada está descrita na obra “Entre Lugares: ensaios sobre geotecnologias, educação e contemporaneidade” (PEREIRA, I. B.; et. al., 2017). A atividade envolveu História e Geografia e integrou no processo outras áreas, como Letras e Filosofia.

Entendemos o projeto como uma atividade de ensino pois envolve um tema relacionado a uma gama de áreas, mas integrou uma atividade extensionista, pois foi aberta a inscrição livre e no noturno, sem prejuízo para o ensino integral (matutino e vespertino), e culminou na produção de dados e publicação da pesquisa TEMPO/ESPAÇO: da violência a contestação, uma abordagem histórico/geográfica sobre a ditadura militar brasileira, produzido por Andrade e Epifania.

Em resumo, na oficina dividimos os dias da semana por sessões temáticas: 1º Imperialismo e ditadura militar: diálogos possíveis? 2º Desse luto nasce a luta: repressão e reação; 3º 1968, o ano que não terminou; 4º Tiros, violões e canções; 5º Revivendo os grandes festivais. A mesma ocorreu de segunda a sexta-feira das 18:00 às 22:00.

Como recursos utilizamos a produção textual e imagética; a intepretação de músicas do período, charges, as artes plásticas; foram apresentados relatos videográficos, filmes que retratam o período (1 foi apresentado e discutido e outros foram propostos para quem quisesse assistir); produção teatral e finalizou-se com o festival da canção com os alunos apresentado cantigas de protesto, do movimento tropicalista e o chamado iê-iê-iê, contextualizados ao longo da semana.

É importante ressaltar que ao findar a atividade, os alunos solicitaram a continuidade no fim de semana, mas findamos como o programado; e que até hoje após alguns anos de sua realização, muito deles hoje em universidades, agradecem as propostas que realizamos, sendo ambos os estudos referenciados como propostas factíveis e interessantes na produção do conhecimento.

5 – Alfabetização cartográfica e acessibilidade: diálogos com professores das séries iniciais (extensão e pesquisa)

O caso apresentado, surgiu da observação de necessidades básicas de estudantes oriundos em sua maioria de escolas do município com dificuldades em conteúdos ligados ao ensino básico, a exemplo das noções de lateralidade que são de extrema importância para referência espacial.

Dessa necessidade surgiu as oficinas sobre alfabetização cartográfica, com direcionamento a professores do ensino básico; tendo por orientação suas dificuldades e já antevendo em parceria com o Instituto Benjamin Constant minorar a problemática em se atuar com mapas táteis, com doação dos materiais em termoforme as escolas participantes.

A experiência está presente em arquivo digital nos Anais da “III Jornada Ibero-Americana de Pesquisas em Políticas Educacionais e Experiências Interdisciplinares na Educação” em forma de artigo.

Essas foram algumas das atividades realizadas ao longo desses anos no IFBaiano Campus Valença, em parceria com diferentes agentes sociais, em especial com meus colegas de trabalhos e discentes. O ensino integrado, possibilita ações para além da forma tradicional de ensino, e mesmo antever ações e parcerias com outros colegas de profissão; vontando-se sempre para uma educação libertária e libertadora como apresentado por Freire em suas obras.

Início: Nossa missão
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O cotidiano do Currículo Integrado no IF Baiano

Análise de uma Técnica em Assuntos Educacionais

O currículo de um curso, bem como o ato de integrá-lo às diferentes dimensões dos saberes é parte essencial do processo educativo, sobretudo, de um Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia que visa contribuir para a formação de cidadãos-trabalhadores.
No IF Baiano essa integração curricular é feita seguindo princípios como a interdisciplinaridade, a relação teoria-prática, a contribuição do conhecimento produzido pela pesquisa e extensão, princípios presentes tanto nos PPC’s dos cursos que são construídos e revisados orientando a integração entre as diversas áreas do conhecimento, quanto no Guia de Orientação do Projeto Integrador dos Cursos da Educação Profissional do IF Baiano.
No entanto, o que percebemos é que muitas vezes a integração acontece nos campi muito “presa em caixas específicas de afinidade”, por exemplo, entre disciplinas com pré-requisitos; ou vista como mais uma disciplina e não permeando a multidisciplinaridade, unindo e expandindo a conexão entre aluno/escola/comunidade/mundo do trabalho.
A conexão presente na integração curricular deveria está na mesma esfera de conexão presente entre o Ensino, a Pesquisa e a Extensão, saberes que se devem complementar e unir, dando sentido ao dever social que a educação tem perante a comunidade. O IF Bainao possui documentos norteadores a respeito da integração curricular, por exemplo, o Projeto Integrador, os PPC’s, as Organizações Didáticas, PDI, PPP. Muito é feito nos campi em relação a integração curricular, o próprio Projeto Integrador direciona caminhos; também são feitas feiras pedagógicas, palestras, seminários, estágios...
Porém, ainda é preciso que essa concepção seja ainda mais interiorizada e praticada pela comunidade acadêmica, sair das “caixas” e dar ainda mais sentido ao ato de educar.

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O ENSINO INTEGRADO:EXPERIÊNCIAS, LIMITES E POSSIBILIDADES PARA UMA EDUCAÇÃO INTEGRADORA NOS INSTITUTOS FEDERAIS

Compreensões de um professor de Filosofia

Neste texto procuramos percorrer os caminhos da história atual da educação no Brasil, iniciando com uma reflexão sobre os sentidos atribuídos à educação integral como essência dos Institutos Federais, para pensar, também, os rumos que ela foi obrigada a seguir e as formas que a fazem assumir, em particular, nesses tempos de neoliberalismo e ultra neoliberalismo.


Ensino Integrado: marcos e passos históricos na atualidade

Os Institutos Federais são centros de excelência e referenciados socialmente graças a uma política educacional que promoveu a expansão da Rede Federal de Ensino na última década, principalmente a partir de 2008, tendo como essência o ensino integrado.

De pouco mais de 120 unidades entre Cefetes e Escolas Agrotécnicas, hoje em todo o Brasil, a Rede Federal soma mais de 640, atingindo cerca de 11.159 cursos, com 964.593 matrículas, formando 182.671, com 35.273 Técnicos Administrativos e 40.723 professores. (Plataforma Nilo Peçanha/MEC, 2018).

O IF Baiano, em específico, é o único Instituto da Rede Federal 100% agrícola desde a sua origem. Uma história brilhante, pois essa rede é centenária e a nossa origem também data o século passado. São muitas histórias, valores e princípios consolidados e muito bem sedimentados.

Das políticas para o ensino médio e para a educação profissional no interior dos Institutos Federais, o ensino integrado é o que tem garantido a eficiência, a qualidade e as suas posições de ponta nos índices de avaliação da rede federal de ensino em relação ao conjunto de escolas em geral no país.


"O desempenho médio dos estudantes de 12 institutos federais e de um colégio militar que participaram da avaliação é comparável ao de jovens de nações que figuram entre as 20 melhores classificadas no ranking mundial.

Todas as notas dessas escolas estão acima da média dos países integrantes da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que reúne as maiores economias do mundo. Se as notas fossem analisadas separadamente os alunos de escolas federais e militares teriam garantido ao Brasil o melhor resultado entre os países da América do Sul que participaram do Pisa 2018. Além disso, o país teria empatado com a Austrália em leitura e com a Croácia e Portugal em Ciências e Matemática."

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/escolas-federais-particulares-e-militares-entre-as-melhores-do-mundo-no-pisa/ Copyright © 2019, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.



Importante se faz destacar que ao longo do últimos anos, muitos foram os embates em torno das políticas sociais, econômicas e educacionais, como desdobramentos do programa neoliberal para a educação dos anos 1990, e, em específico, as agendas ultraneoliberais que se implementou na América Latina na última década, e em especial no Brasil, a partir do Golpe de 2016.

Muitos são os ataques à educação pública, em especial à educação federal. Não obstante, o desmonte da rede federal de ensino passou a se materializar devido ao desmonte do ensino integrado, que é a essência dos Institutos Federais. A Reforma do Ensino Médio e a reformulação da BNCC já tem ousado consolidar e promover uma reconfiguração da rede impondo no horizonte o fim do Ensino Integrado.

Atualmente, encontra-se em debate o programa do MEC, intitulado FUTURE-SE, que ao atacar a autonomia universitária, aponta um caminho sem volta para o ensino integrado. A existência do ensino integrado é sem sombra de dúvidas a garantia da existência dos Institutos Federais, uma possibilidade de expansão de educação básica pública de qualidade à sociedade.

Assim, a integração curricular nos documentos institucionais e pedagógicos referente ao Curso Técnico Integrado em Agropecuária, no Campus Santa Inês não tem atendido o que propõe a missão do Instituto federal baiano, uma vez que o mesmo, tem voltado muito mais atenção ao mercado (agronegócio), preterindo a agricultura familiar, principalmente a partir dos novos debates inseridos no contexto da rede federal pós golpe de 2016.

Por fim, o que está postulado nos documentos institucionais encontra-se distante do que ocorre na prática, no fazer cotidiano do Curso Técnico Integrado em Agropecuária, o que muitas vezes apenas se concretiza com ações voluntárias e ou, de extensão, como as ações nos assentamentos, nas associações de moradores, nos grupos mais vulneráveis, etc, e que muitas vezes só se realiza, para além da sala de aula, mais precisamente na pesquisa e extensão.

Diante do exposto, as reais características do fazer curricular no cotidiano Curso Técnico Integrado em Agropecuária muitas vezes encontra-se preso na tradição de querer forjar um profissional para o mercado, na fragmentação existente em pseudas disputas por áreas do conhecimento, levando-se equivocadamente a crer que a área técnica seja mais valorizada e importante que a construção dos saberes em sua totalidade.

Que ações de integração são vivenciadas no cotidiano deste curso? Muito do que acontece depende das ações concretas que são idealizadas por grupos de educadores e educandos, como rodas de conversas, salas temáticas, ações nos assentamentos envolvendo a comunidade acadêmica e em geral. São ações que dialogam com as reais necessidades em que vivemos na atual conjuntura, o que está presente na proposta do PPC do curso, como Sustentabilidade, Direitos Humanos, Agroecologia, etc.


Integração entre Ensino Médio e Profissional como concepção curricular para a formação integral do indivíduo

A experiência aqui relatada parte da vivência em torno da docência da disciplina de Filosofia.

Ao focar na concepção de educação e formação que seja capaz de articular trabalho, cultura, ciência e tecnologia, como princípio, o Curso Técnico em Agropecuária aqui em questão, passa a encaminhar o educando a uma perspectiva de totalidade, que elabora e reelabora saberes.

Desde que o homem é homem a educação se apresenta como um elemento fundamental da construção da comunidade e da subjetividade. A educação se operacionaliza na medida em que constrói e reconstrói a cultura, constrói e democratiza saberes, inclui atores, rememora a história, mitos e ritos e projeta sinais da sociedade futura que ela ajuda a edificar, costurando atos e pactos no tecido social.

Portanto, é de suma importância ressaltar que essa integração curricular possibilita um processo dialético entre teoria (saber) e prática (fazer), capaz de superar a compartimentalização do conhecimento e assim, romper com a estrutura dual do tradicional Ensino Médio.

Assim, apesar da carga horária restrita para o ensino da Filosofia como disciplina curricular, busca-se através dela, reflexões de diferentes perspectivas filosóficas na compreensão e construção do conhecimento humano, apresentando em várias fases de discussões curriculares, questões filosóficas do mundo contemporâneo aliadas às perspectivas políticas, éticas, estéticas dentre outras.

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Currículo Integrado no IF Baiano

Análise de uma professora que já atuou no componente curricular Projeto Integrador

Considerando que um currículo integrado visa a formação e informação do aluno em sua totalidade, de forma crítica e participativa, tornando-o um cidadão capaz de transformar o meio em que está inserido, é fundamental oferecer ferramentas capazes de vincular a aprendizagem ao contexto da realidade do aluno, aproximando a teoria e a prática, de maneira que atenda à essa formação integral. Nesse sentido, sendo o IF Baiano uma instituição que oferta cursos numa perspectiva integrada do currículo, é possível perceber a realização de várias estratégias metodológicas e pedagógicas que vem viabilizando ações integradoras, envolvendo as diferentes áreas do conhecimento, a exemplo de pesquisas e estudos de campo, os projetos integradores, realização de seminários, dentre outras ações que permitem ao aluno a exercitar a habilidade de argumentar, discordar, expor opiniões, perpassando por diferentes componentes/disciplinas, organizando o conhecimento e desenvolvendo em seu processo de ensino-aprendizagem.


Vale ressaltar que o currículo integrado no IF Baiano tem como base, além da Diretrizes Nacionais, os documentos institucionais , a saber: Organização Didática da EPTNM, o Guia Projeto Integrador dos Cursos da Educação Profissional do IF Baiano. Entretanto, é importante destacar que, mesmo diante dos documentos que preconizam a integração do Currículo no IF Baiano, tal integração ainda não ocorre em sua totalidade, pois conforme já mencionei, o que se observa são ações integradoras, o que acabam ocasionando uma certa fragmentação do currículo entre as áreas propedêuticas e as do eixo tecnológico. Não ocorre ainda, de fato, uma proposta integrada na prática. A relação entre as áreas propedêuticas e as tecnológicas ainda precisa se estruturar de forma articulada, de modo a compreenderem que a integração viabilizará uma melhor formação do aluno, ou seja, a sua formação integral.


Dentre as ações e estratégias que o IF Baiano vem desenvolvendo para a consolidação de um Currículo Integrado, é importante destacar a inserção do Componente Curricular Projeto Integrador nos Campi. O Componente visa permitir o desenvolvimento de estudos e realização de projetos em que o aluno, por meio da orientação e acompanhamento de professores orientadores tanto do eixo tecnológico como da base comum, realizem pesquisas e projetos inerentes à formação profissional em que está cursando, articulando teoria e prática, levando em consideração o contexto em que está inserido. No momento de realização desses trabalhos, o aluno tem a oportunidade de contextualizar e vivenciar em seu espaço social todo o conhecimento que esta sendo construído em seu processo de aprendizagem. Além dos projetos integradores, é importante destacar também a realização dos seminários e eventos que os professores do eixo tecnológico realizam em parceria com os professores das áreas da base comum, a saber: Vila da Ciências; Dia de campo, Aulão do Enem,Seminário sobre Manejo dos Solos, etc.


No contexto atual, frente à nova legislação do Ensino e com foco na potencialização de um Currículo Integrado no IF Baiano, foi proposta a reformulação dos PPC, com objetivo de unificar o Currículo. Nessa proposta, está sendo recomendada a oferta de componentes curriculares do eixo diversificado que viabilize a integração do currículo e o fortalecimento da Educação Técnica e Profissional Integrada ao Ensino Médio.Em suma, as ações para a integralização do Currículo no IF Baiano ainda são limitadas e tímidas.Penso que ainda há muito a se fazer para a concolidação de um ensino integrado na instituição.

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EM DEBATE

Como você avalia a forma que se apresenta a integração curricular nos documentos institucionais e pedagógicos referentes ao curso técnico integrado em agropecuária?

A meu olhar o que tem se realizado é muito mais um adaptar-se as mudanças do mundo da produção e do trabalho provocadas pela política neoliberal e neocolonizadora como adaptar-se à flexibilização produtiva, à sociedade da incerteza e do medo, às relações de trabalho desregulamentadas, ao empreendedorismo, aos programas breves de aprendizagem (PRONATEC), aos programas paliativos das tensões sociais. Assim, no PPC, por exemplo, credita-se cumprir a missão institucional regional e local de “formar recursos humanos competentes, capazes de contribuir para o desenvolvimento social e econômico da região, promovendo sustentabilidade a partir do fortalecimento da Agricultura Familiar com bases Agroecológicas e garantindo Segurança Alimentar e redução do Êxodo Rural”. (2016, p. 10) No entanto, muito pouco, ou quase nada em sua formação técnica pode levar esse profissional/discente em formação a concretizar praticas do fortalecimento da agricultura familiar com base agroecológica, e a noção/definição de “segurança alimentar” está em conflito com a defesa da agroecologia que reivindica a soberania alimentar em contraponto a “segurança alimentar”. Isso para pensarmos apenas na formação mais especifica técnica, quando passamos a pensar a integração, a formação geral pode padecer do mesmo malefício da técnica: formar para o mercado, o consumo e não para a formação integral para a vida. Pode significar apenas a possibilidade de a formação básica e a profissional acontecerem numa mesma instituição de ensino, num mesmo curso, com currículo e matriculas únicas, como uma das formas pela qual o ensino médio e a educação profissional podem se articular sem que de fato ocorra a “formação integral”. Com isso, não quero ignorar as experiências que podemos encontrar nas práticas pedagógicas de alguns professores e ainda os resultados significativos da pesquisa e extensão, práticas inclusive que asseguram á educação federal técnica profissional uma qualidade que se equipara a de países considerados de primeiro mundo. O PPC do curso de técnico em agropecuária considera a tradução do currículo do Curso Técnico em Agropecuária como uma “produção e tradução cultural, intelectual, histórica que relaciona o itinerário formativo do (a) discente com o mundo do trabalho, com a formação técnico-humanística integral e com o contexto socioeconômico”, que a meu ver encontra limitações e contradições que precisam ser enfrentadas, como o debate em torno de que educação estamos a falar, educação integral ou integrada apenas? A formação necessária tanto ao docente da área geral quanto da área técnica, pois muitos princípios e objetivos podem estar descritas nos documentos sem que se reflita na prática pedagógica.

Professora Humanas

O currículo integrado é uma responsabilidade legal na Rede Federal de Educação Profissional. No IF Baiano, o projeto Pedagógico do Curso é o documento normativo, no qual o currículo integrado se materializa. Entretanto, para que este currículo seja integrado de fato, ao ponto de organizar o processo de ensino e aprendizagem sem dualismos exige um grande esforço pedagógico. A meu ver, no IF Baiano esse esforço ainda é muito elementar. Existem algumas iniciativas, como o projeto integrador, mas a avaliação é de que outros esforços mais estruturados metodologicamente precisam se somar a ele para resultados mais efetivos. Por outro lado, percebe-se também que no IF Baiano ainda há uma carência na formação continuada de docentes e equipe técnico-pedagógica, que impacta diretamente numa melhor efetivação da integração do currículo.

Pedagoga

Infelizmente a integração curricular no IF Baiano limitou-se a colocar uma disciplina do núcleo comum no mesmo turno das chamadas disciplinas técnicas. Alguns ações vem sendo feitas na tentativa de melhorar o diálogo entre as disciplinas, mas, esbarram em estruturas curriculares rígidas e baixa formação pedagógica dos docentes.

Professor Exatas

Em função do conhecimento superficial que tenho sobre integração, acredito que no IF Baiano ocorre junção de dois currículos (base comum e técnico) e não integração deles. Entendo integração como utilização dos conteúdos estudados nas disciplinas da base comum, como auxílio/desenvolvimento/aplicação nas disciplinas da área técnicas. Hoje, a realidade no meu Campus de origem é o desenvolvimento dos conteúdos programáticos de cada disciplinas de forma isolada. Havendo essa integração apenas durante os eventos.

Professora da Área Técnica

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EM DEBATE

Quais são as características do fazer curricular no cotidiano do curso técnico integrado em Agropecuária?

Aqui falo do meu lugar de docente da disciplina de xxxxx que busca em sua prática pedagógica dialogar tanto com a formação técnica quanto com a formação geral/integral. Na busca de aliar o saber e o fazer temos explorado a necessária relação da arte, da cultura, da técnica como fundamental à formação integral do discente, isso com o intuito de superar a compartimentação do conhecimento. Encontramos muitas vezes dificuldades por parte dos professores da área técnica e até mesmo da gestão em compreender como a nossa disciplina pode se expressar em fazer prático a partir da extensão com a comunidade de Santa Inês, a partir da interdisciplinaridade e integração no saber-fazer presente da área técnica também.

Professora Humanas

No IF Baiano, a integração não acontece de fato. Há um justaposição de conteúdos, e algumas vezes, repetição de conteúdos, porque os profissionais não compreendem e/ou não sabem trabalhar na perspectiva da integração. Apesar de nós documentos como o PDI existirem fundamentações teóricas para embasar a condução desse trabalho, mas não passa de teoria. Na prática, a teoria é outra.

Técnica em Assuntos Educacionais

Não há nenhuma tipo de acompanhamento por parte da equipe pedagógica. Na teoria os documentos são bem construídos, mas falta colocá-los em prática. Na prática cada professor age de acordo suas convicções. Não agimos com uma instituição que tem documentos que regem o ensino.

Professor Exatas

Compreendo que o instituído nos PPC (junção de currículos) é desenvolvido. Mas, acredito que o instituído nos demais documentos (como documento de criação, estatuto, PDI ) tenha a conotação de integração diferenciado no contido nos PPCs, e o desenvolvimento desta conotação não consigo enxergar no nosso IF Baiano.

Professora da Área Técnica

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EM DEBATE

Quais ações já ocorrem no campus que, no seu ponto de vista, auxiliam, ou poderiam auxiliar na integração curricular?

As práticas do professor podem contribuir e fortalecer ações de integração para além das que já estão previstas no PPC do curso. Acredito que exista um esforço maior da área da formação geral (núcleo estruturante) em desenvolver ações, projetos que visam integrar a formação geral e a técnica profissional em consonância com princípios e valores de formação integral e integrada. Um obstáculo real é a formação dos professores, na área estruturante, principalmente quando pensamos na área de humanas as ações de integração são mais concretas, enquanto que nas ciências “duras” há maior dificuldades. Se pensarmos na formação dos docentes técnicos então temos um déficit muito maior, são engenheiros, bacharéis, técnicos que não conseguem ter um fazer pedagógico por exemplo que os aproxime da Lei ensino da história de matriz africana, ou mesmo de conteúdos que aproximem o saber à realidade dos discentes e em diálogo com os demais saber científico e/ou popular. Muitas vezes essas ações se conectam as já previstas no PPC do curso técnico Integrado em Agropecuária como o Projeto Integrador, a Extensão e Pesquisa e estão vinculadas a iniciativas mais pontuais/isoladas como se a formação integral e integrada não fosse uma ação a ser perseguida por todos.

Professora Humanas

Acho que precisa de mais formações. Nas reuniões de quarta com a equipe pedagógica, acho que seria um momento inicial para aprofundar os estudos e a compreensão acerca das questões pedagógicas da instituição. Planejar em conjunto, discutir as práticas de sucesso e as que não tiveram sucesso para propôr o que pode ser melhorado e também pensar em que educação integrada de nível médio queremos, pois não adianta organizar um currículo voltado para formar o estudante para o vestibular e depois reclamar que os estudantes não seguem a carreira técnica e só querem ir pro superior. Até que ponto estamos contribuindo com isso? Qual é o nosso papel mesmo? Precisamos refletir sobre a educação profissional, sobre as razões de existir de um IF e buscar trabalhar numa perspectiva que alinhe a nossa razão de existir. Será que nós, servidores, temos consciência do nosso papel no Instituto?

Técnica em Assuntos Educacionais

Projetos que envolveram temas relacionados a semana nacional de ciência e tecnologia. Apesar da dificuldade de convencer os colegas da importância de trabalhamos juntos, a SCNT, chega próximo do que seria uma boa integração curricular.

 Exatas

Projeto Integrador, Eventos (Feira de Ciência, Semana de Tecnologia, EMAIF, etc.).

Professora da Área Técnica

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Students During Break

Tecendo redes e malhas

Um produto educacional construído em tessituras de redes e malhas

Elaborar um produto educacional de forma a contribuir com a produção do conhecimento bem como construir pontes entre a academia e a minha práxis pedagógica era o desafio no início desse percurso formativo. E, ao definir o currículo integrado como objeto de estudo, tal situação se transformou em uma dificuldade ainda maior, pois, compreendendo o currículo como uma construção coletiva, o produto a ser desenvolvido precisaria ser construído com os sujeitos que em seu cotidiano constroem esse currículo.
Para tanto, o Jornal de Pesquisa demonstrou ser um dispositivo com potencialidades para a construção coletiva ao possibilitar a organização de uma roda de conversa entre os sujeitos curriculares, de modo a estabelecer redes de saberes e colaboração entre os participantes da pesquisa.
Convém registrar que o processo não se deu de forma tranquila, foram 50 pessoas convidadas a participar da pesquisa, mas apenas 9 de fato produziram seus textos de modo a apresentar suas perspectivas e compartilhar suas vivências no âmbito do Curso Técnico em Agropecuária do IF Baiano.
Dessa forma, agradeço a todos que contribuíram estabelecendo diálogos, e viabilizando que este produto educacional auxilie na tessitura de redes de conhecimento,  tais como os ecossistemas e os tecidos que são constituídos por fios entrelaçados.

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